Minha avó Anaide era uma recicladora por excelência.
Na década de 70, os pães eram embrulhados em papel próprio para isso e amarrados com barbantes (xiiiiiiiiii!!!!!!!!!!!! Entreguei minha idade!!!!!!!!!!!).
E não é que voinha guardava não só os barbantes, que ela ia amarrando um ao outro assim que chegavam, como também guardava os papéis? O barbante virava peças em crochê e os papeis, geralmente, iam para o armazém para que ela, meu avô e meus tios pudessem fazer rascunhos.
Alias, fazíamos artesanatos com vários materiais reciclados.
E na culinária não era diferente.
Pães velhos não viravam apenas torradas, rabanadas ou farinha de rosca, não. Minha avó fazia doce de pão em calda. Ela simplesmente cortava o pão em pedaços, fazia uma calda de açúcar temperada com cravos da Índia e aferventava os pães nesta calda. Eu amava este doce.
Quando o leite azedava, ela também colocava os cravos da Índia e açúcar e transformava em doce.
Eu também gostava deste doce.
E quando não tinha leite azedo o jeito era azedar o leite.
Até hoje não sei se este doce tem nome, mas nós chamávamos de doce de leite azedo. Nada mais obvio.
Só que, anos mais tarde, conheci uma receita que tem um visual parecido e que recebeu o nome de ambrosia sem ovos. Fica a sugestão.